Friday, December 26, 2008

A propósito do Natal - parte II

Primeiro Natal em terra de Duendes... Frio mas sem neve, no seio de uma pequena comunidade de Maiatos (é que não bastava sermos todos do Porto, tinhamos de ser todos da mesma terrinha), recheada dos pequenos prazeres tradicionais de um Natal Português que se preze.
Tal como já suspeitava, a minha mãe trouxe a mala recheada de tesouros, pelo menos para mim. Pode haver quem ache que ela exagerou nos regionalismos e nacionalismos das coisas mas a verdade é que ela me conhece bem o suficiente para saber o valor que dou aos "produtos da terra". Já dizia o slogan: O que é Nacional é bom.
Desde o indispensável bacalhau a pencas, ovos caseiros (são diferentes dos do aviário), aletria, caete de rabanadas, canela, chocolate de culinária, vinho alentejano, vinho do Porto, espumante Português, todos os frutos secos possíveis e imaginários (cuidadosamente embalados pela Nela e pela D. Maria da mercearia mais conhecida como "Tone da Equina"), chouriça, queijo da Serra... A pergunta mais frequente que os meus primos me foram fazendo desde Portugal era: Não a pararam na alfândega? Não teve de subornar nenhum polícia com um dos teus miminhos? Os ovos não viraram omeleta? A resposta... hihihihi Chegou tudo inteirinho para mim.
Na verdade, claro que foi óptimo ter tudo isto por perto. Certamente que tornou o meu Natal um dos mais Portugueses da Irlanda. Mas... no fundo são as pessoas que fazem o Natal daí que a vinda da minha Rosinha dos Limões tenha sido, sem sombra de dúvida, a melhor prenda de Natal (mesmo com todas as nossas diferenças e quesílias). Se não houvesse bacalhau, teriamos frango assado. Se não houvesse aletria, haveria sempre forma de fazer leite creme... etc, etc. Mas sem família... como se faria o Natal?
Claro, entre comida e comida (incluido um Bolo Rei), vinham os presentes, oferecidos por pessoas que faziam parte do meu antigo dia-a-dia e que ainda hoje (quase um ano depois) sempre que vê a minha mãe pergunta por mim. Não vivo do meu próprio saudosismo ou do saudosismo dos outro, mas confesso que há um certo conforto em saber que há um espaço só meu na vida das pessoas que conheço desde miúda, espaço esse que estará sempre ali, para mim, a cada viagem de regresso a casa...
Casa... É incrível. Tenho a minha vida, a minha rotina e os meus pertences e haveres cá mas casa... Essa parece permanecer a 10km da costa atlântica, no espaço engaiolado por prédios mas que tem um quintal, um tanque, uma avó, um cão, um gato, um pai e uma mãe, tios e primos, uma vizinhança e a história de muitas vidas que se entrelaçam com a minha. E é a ela que eu volto nos meus pensamentos para conforto, calor e amor e a qual... Tenho saudades.

2 comments:

Anonymous said...

Ahah.. e se fores um cadito mais para baixo, tens os teus tios, primas e primo.. eheh bem juntinho a praia.. que não se esquecem de ti, não perguntam aos teus pais, mas perguntam directamente a ti, como vai a vidinha!!! eheh beijo grande Milen@

Primas said...

que bonito :)
gosto tanto do que escreves! parece que abro um livro de histórias de encantar... mas estas são as tuas, reais e mais bonitas!

saudades, esse sentimento tão português!

saudades... tuas... muitas!

um abraço forte