Tuesday, December 28, 2010

Adeus ano velho...

Eu até gosto de idosos... a minha Lindinha tem 88 anos (89 em 2011) e ainda anda direitinha que nem um fuso, cozinha pastelões de bacalhau aqui para a netinha e manda piadas sorrateiras mas profundas. No entanto, e no que toca a anos de calendário, quero sempre ver o velhinho atrás das costas e abrir os braços para receber a "novidade" que aí vem.
Na verdade, o ano que está quase quase a acabar não foi mau... mas podia ter sido melhor vá. Levam-se as lições, pequenas ou grandes, para o ano que aí vem (espero tê-las enquadrado na minha moina de vez; não há nada pior que erros repetidos e maus dejá vu). Reescrevem-se esperanças e resoluções (que se esperam cumprir), alimentam-se sonhos e emoções.
No fundo é a máxima do: Aprende com o passado, acarinha o futuro mas vive o presente.
Eu devia escrever algo acerca das lições de 2010 e as esperanças para 2011 mas hoje é dia de fazer malas, de recomeçar o processo de separação familiar e mentalizar-me que tenho de zarpar para a beira dos duendes e do seu pseudo pote de ouro no final do arco-íris (patrocinado pelo FMI).
Este ano pedi ao Menino Jesus que trouxesse mais Sol para a Irlanda... Por este andar vou ter de comprar uma lâmpada simuladora de luz solar para não pirar de vez. Se calhar é o melhor mesmo, parece-me que o Paraíso não foge à crise mundial e intergalática.
Anyway. O meu discurso já deixou de fazer grande sentido há alguns parágrafos atrás, deve ser do frio.
Até 2011.

Saturday, December 25, 2010

Agora não consigo parar...


O meu pai era camionista... eu sou emigrante. Tenho desculpa para publicar estas coisas. :)

Ah, outro clássico


Ok... isto não é natalício. Mas, meus caros compatriotas das fabulosas colheitas de 80, digam lá que isto não vos traz boas memórias. ah... gira discos, cassetes e walkmans. O mundo nunca mais será o mesmo.

Clássicos do Natal Português



Há coisas que marcam os Natais a nossa infância e que acabam por se repercutir pela vida fora de maneira inesperada e, quiçá, estranha... O circo de Monte Carlo nas manhãs de Natal RTP1/ Canal1 (sempre gostei muito dos trapezistas e dos ginastas que dão aqueles saltos e cambalhotas todas), os filmes O Feiticeiro de Oz (ele apenas queria um coração que não fosse de lata), Música no Coração (já ninguém transforma cortinados em roupa com aquela classe) e Mary Poppins (como eu gostava de ter um guarda chuva assim.... supercalifragilisticexpialidocious), o Toppo Gigio (aquele rato italiano de cabelo duvidoso que aparece no Sequim D'Oro) e, é claro, o clássico dos clássicos, o suprassumo da quadra natalícia Portuguesa - o Coro de Santo Amaro de Oeiras (questiono-me onde andaram essas vozes da minha meninice). Ora, como não poderia deixar de ser, porque hoje é Natal, porque eu sou uma saudosista que gosta de tesourinhos e poque a internet permite destas coisas, aqui vai uma verdadeira pérola dos, ainda, anos 80. Enjoy it! :)

P.S - É favor não esquecer o Natal dos Hospitais, como é óbvio, essa preciosidade da quadra natalícia que expõe a todo o país a qualidade dos nossos artistas. Marco Paulo, continuas a ser o meu herói preferido.

Tuesday, December 21, 2010

... home

Continuando a história.
Aeroporto de Dublin. Mandar a mala para o porão, passar segurança, andar a ver lojas e beber um "soja latte" na Butlers. Esperar junto ao gate 313 pelo verdinho da Aer Lingus, ver a neve a cair e pensar "Rais te parta se num me deixas ir para casa. Lanço-te semelhante praga que nunca mais tens arco-íris ou potes de ouro ou duendes rechonchudos.". Entrar no avião, "esmagrecer" a mala para entrar no compartimentos (sim, porque havia quem tivesse mais de duas malas e depois as pessoas cumpridoras que se lixassem). 3 horas, 1 spray de anticongelante sobre a aeronave e umas quantas páginas de um livro depois, Lisboa. Como boa portuense e portista que sou, tenho uma espécie de ressentimento pela capital. Acho que já está no sangue. Mas, lá está, por breves momentos, e porque é Natal, até de lá chegar eu gostei....
Malas, pais, e um abraço com 3 meses de saudades. Carro, conversas acerca de finanças, leitão na Mealhada e... HOME.
Há um certo conforto em olhar ao redor e apercebermo-nos de que tudo está na mesma e tem o cheiro de que nos recordamos desde a última vez. A Rotunda e o seu Lavrador, o café do Sr Freitas e da D. Sofia (consigo ver o Armando lá dentro também). A casa branca de barra cinzenta, o tanque, a lavandaria, o cedro, as plantinhas da avó. O meu quarto exactamente igual, com a bailarina transparente que trouxe da Suécia, e a lagartixa espanhola, e a foto das Piscas, as borboletas na janela, a bailarina Irlandesa no espelho do armário, o candeeiro vintage na mesinha de cabeceira...
Quando crescemos, e quando todo o que nos era familiar está, muita das vezes, longe, o Natal passa, realmente, a ter significado como festa da família, celebração do nascimento, de um momento supostamente de alegria para muitos... E o tipo de vermelho que se devia juntar à Weight Watchers para caber mais gentilmente na chaminé e tornar o seu trenó mais rápido, transforma-se apenas numa figura acessória.
Pois é... Que o espírito natalício seja mais contagiante que a gripe A (H1N1), que o Scrooge ou o Grinch não descubram a vacina e que os aeroportos europeus reabram para a Miss M.C. ter na Irlanda o mesmo que eu tenho aqui.
Açúcar, canela, limão... Que o vosso Natal seja um festão (esta rima foi muito má...).

Monday, December 20, 2010

There is no place like...

A minha querida Doroteia, da história O Feiticeiro de Oz, batia com os seus sapatinhos vermelhos um no outro para regressar a casa. No meu caso, a viagem implica 1 táxi, 1 avião e 1 Fiat Punto preto de 1997.
Apesar de uma muito tentadora proposta para ir laurear a pevide e fazer um pub crawl (The Twelve Pubs of Christmas) na geladinha Dublin, decidi ir para casa pesar bacalhau (leia-se dormir) no sábado à noite. Após uma semana que inclui um exame de gestão e liderança com a duração de 3 horas e 3 dias seguidos a trabalhar das 7:30 às 20:10, achei que merecia um soninho. Mas claro, nem pensar em não participar na borga (ou craic) de mais um jantar da "Malta". Sete cavaleiros numa mesa redonda, rebentamos crackers (se não sabem o que é googlelizem... mas digamos que são uns rebuçados gigantes que quando se abrem cheiram a pólvora e trazem brindes lá dentro), comemos assado "à la Miss Afonso", bebemos uns copitos de tinto e... bem, palhaçamos e desconversamos ainda mais. Um verdadeiro susto para mentes e corações fracos, velhos e com pouco sentido de humor retorcido. Eles foram para os pubs, eu fui para a caminha.
8 da matina, toca o alarme (o toque é irritante, tenho de mudar aquilo). Cafeteira ao lume e aroma a Nicola no ar (oh my sweet, sweet morning coffee). Hoje é O DIA! Convém dar um jeitinho à casa para não ganhar bicharada na próxima semana. Dobra-se e arruma-se a roupa. Lava-se a louça, aspira-se a casa, passa-se o chão da cozinha a pano (com cheirinho a lixívia que é para parecer tudo imaculadamente limpo), muda-se a roupa da cama e empilha-se a floresta de papéis pós exame em diferentes cadeiras. Mala. Ainda tenho de arrumar a mala... Ao fim de 3 anos a práctica de arrumação de roupa e outros elementos (des)necessários torna-se mais rápida (acabei por me esquecer do carregador do leitor de Mp3).
Apanhar táxi. Ah e tal de onde a menina é, para onde vai, que vai fazer, portuguesa? não tem sotaque, enfermeira?, pois eu tive uma hemorragia cerebral e joguei rugby e parti ossos, olhe e qual é o terminal?, a aer lingus ainda está no antigo mas se não for está a ver a passagem ali à esquerda com pessoas... Feliz Natal para si também e obrigada. Os taxistas irlandeses, principalmente os de Dublin, são uma espécie rara e peculiar, extremamente tagarela e que adoram resmungar acerca de muita coisa. Com a conversa certa é deixá-los falar.
(e eu acabo a minha história pitoresca noutra altura senão o post fica muito comprido e depois ninguém o lê...)

Wednesday, December 15, 2010

A Merry Happy Christmas

Eu podia desculpar-me pela minha prolongada ausência mas, para vos ser muito sincera, não ando com grande energia para isso. Os últimos dois meses foram uma maratona de estudos entre trabalhos de pesquisa e exames de liderança e gestão. Quero apresentar as minhas mais sentidas condolências a todas as famílias de árvore que assassinei em prol daquilo que vou designando por aprendizagem e conhecimento.
Além disso nevou, e muito. E está frio e o meu olho direito andou lesionado e a família está longe e os amigos deixam o isolamento de uma ilha para irem para outra ao lado em busca de maior exposição solar. Bah, devem ser os winter blues porque só me apetece resmungar. Dei comigo a pensar se não estaria a desenvolver espírito Scrooge ou Grinch... mas acho que é mais saudades de uma vida mais normal do que outra coisa qualquer.
Quando somos jovens, e vivemos com os pais, não fazemos ideias das responsabilidades. Depois emigramos, temos de tratar de renda, pagamento de luz, telemóvel e internet, mercearias, confecção de refeições, limpar a casa, lavar roupa, secá-la, dobrá-la e arrumá-la... etc etc etc. A isto se acrescenta um trabalho com elevados níveis de stress, cheio de mulheres coscuvilheiras que parecem galinhas a cacarejar e o papel de estudante e... Enfim, o sistema delicado entra em ruptura.
Mas hoje, para mim é quase Natal. Porque o Domingo está quase aí. E é dia de ir para casa e ter miminho e não ter de pensar em ir trabalhar ou em pagar contas ou em cuidar de mim e dos outros porque, felizmente, tenho alguém que até gosta de fazer isso. Este ano a minha prenda de Natal será poder estar com as pessoas com quem não estou o ano todo. O que estiver debaixo da árvore embrulhado em papel nunca se poderá equiparar.