Tuesday, March 29, 2011

let it be

Ontem, por acaso ou talvez não, uma amiga indiana convidou-me para ir a um concerto da escola da filha... Como gosto de "canalha", fui (mesmo depois de um turno de 12 h que me deixou o cabelo todo rameloso, mas não interessa). Apesar de ter chegado atrasada e ter perdido a cachopa a cantar, fiquei até ao fim para ouvir o medley dos beatles. Muito, muito bom... Uma delas foi esta música e como tive um momento "ah ah" achei que devia partilhar estas coisas com o povo, numa de relax, peace, love and prospetity.
P.S. - nada como um sorriso desdentado ou dois para nos mostrar que vale a pena.

Saturday, March 26, 2011

Canvas

Canvas é a palavra inglesa para designar "tela". Gosto de pensar que aidna tenho tinta que chegue para desenhar e colorir muitas telas... Às vezes, mesmo sem querer, sem qualquer tipo de intencionalidade, revejo o meu reflexo numa abismo de pensamentos negativos e sufocantes. No bréu da noite, na escuridão dos meus pensamentos e sentimentos mais profundos, naquela lagrima seca que fica pendurada no coração e estreita a garganta, por vezes renasce algo que não esperava... esperança, energia, garra e graça de viver. Vamos lá ver se consigo atirar toda a tinta que puder para a minha tela negra...

Wednesday, March 16, 2011

Um dia destes hei-de escrever um post acerca de senhorios e das vicissitudes do arrendamento mas esse dia não será hoje (demasiado irritada com a atitude do actual senhorio). Falemos de IRS (ou será IRC).
A minha especialidade não é, definitivamente, a contabilidade ou gestão de empresas. O ano passado tive de fazer o registo como tendo uma empresa para dar aulas de massagem infantil e passar recibos... mas foi sol de pouca dura. Entretanto começou a pós graduação e os meus momentos de felicidade entre gargalhadas maternais e balcuciares imcompreensiveis de bebés acabaram rapidamente. Total: pouca entrada de dinheiro mas muita saída no que foi, certamente, um não muito bom investimento monetário.
Chegada esta altura do ano, há que pensar que tenho de apresentar os formulários até outubro... Faço a inscrição no site e, passadas várias etapas de códigos, recebo em casa o formulário 11E, mais longo que sei lá o quê e do qual não percebo patavina. Será que eles não podiam fazer as coisas mais fáceis, juntar instruções com linguagem simples ou reduzir o tamanho da coisa? Não. Mandam um folhetinho em que a explicação de um conceito contém em si esse mesmo conceito, pelo que acabo por perceber a mesma coisa, ou seja, nada de nada.
Pensando bem, acho que vou pegar na papelada toda e investir num contabilista em vez de investir em comprimidos para a enchaqueca. Maldita burocracia que por toda a parte te ocultas!

Friday, March 4, 2011

Bad News...

Quando eu era miúda o meu objectivo de vida era ser grande, crescida. Definitivamente não fazia ideia das complicações que isso traria, da quantidade de vezes que não iria andar de baloiço ou ir até à praia sentir a areia entre os dedinhos dos pés. Nada sabia acerca de responsabilidades, ou do facto de que haveria sempre alguém a coordenar os meus passos, que eu não seria completamente "D. de Mim" ou "Sra. do Meu Nariz".
Eu era o trambolho da casa... com as minhas histórias estapafúrdias acerca de pessoas inventadas na minha cabeça, numa estranha tentativa de entrar nas conversas dos adultos no horário nobre das refeições. O meu pai sorria e olhava para mim como se cada palavra fosse verdadeira (ainda hoje faz questão de me recordar disso) e nunca ninguém contrariou as personagens fictícias que eu conscientemente criava.
Lembro-me de uma frase num dos meus diários que dizia "Memories may be beautiful and yet what is to painful to remember, we simply choose to forget" (As memórias podem ser bonitas mas mesmo assim escolhemos esquecer o que é demasiado doloroso). Isto tudo para dar o mote aquilo que me levou a escrever este texto. Quando o meu avô morreu eu tinha 7 anos. Lembro-me das hermezetas que lhe colocava no café (por ser diabético), dos passos curtos (cortesia do Parkinson) e do cabelo escuro, bem colado à cabeça, que alinhava com um vulgar pente de plástico castanho. Depois do meu avô seguiram-se outros, e com o passar do tempo a dor de perder alguém não diminui, apenas se tornou diferente.
Há uns dias atrás descobri um novo tipo de dor... Não lhe posso dar um nome, nem me vou atrever, mas posso dizer-vos que não há nada pior do que perder um filho. Quando me meti nesta coisa de ser enfermeira, devia saber que nem sempre seriam só os velhotes a morrer. Essa seria, certamente, a ordem natural das coisas. A maior parte da minha família e amigos muitas vezes me pergunta como é que eu consigo lidar com miúdos que pesam menos, ou pouco mais, que 1kg de arroz... Eu sorrio e respondo que a maior parte das vezes as coisas até acabam bem, que observar e fazer parte da ligação especial que se estabelece entre pais e filhos é algo mágico. E é verdade, sinto o que digo.
Mas não há nada pior que perder um filho... Ver os sonhos, a esperança e o amor despedaçarem-se num só segundo quando alguém telefona do hospital e diz "Preciso de falar consigo. Temo que tenha más notícias". A dor é cortante, mesmo para aqueles a quem ela não pertence por direito. Então apercebo-me da parte mais difícil do trabalho... ver e sentir a dor de outrem, tentar ajudar e apoiar, estar presente mas dar espaço para a privacidade, e não saber como fazer tudo isto de forma correcta.
Não, este não é um texto leve, alegre ou jovial. Contudo, e como diriam os meus antigos professores de enfermagem, a morte é parte do ciclo da vida e devemos arranjar espaço para falar abertamente sobre ela. Certamente que não a faz desaparecer, mas talvez nos ajude a lidar melhor com quem sofre com a sua chegada...