Sunday, January 16, 2011

How it all started...

Há alturas em que pensamentos vindos de nenhures saltam à minha frente de surpresa e me dão que pensar durante trajectos (aulas-paragem do autocarro, trabalho-casa a pedais, jogging matinal ao som de Florence and The Machine). Como desconheço se sofrem ou não deste fenómeno, resta-me explicá-lo aos pouquinhos nas minhas teorias escaganifobéticas-do-arco-da-velha-de-que-nem-o-coelhinho-da-páscoa-se-lembra.
Entonces foi assim...
Uma bela tarde de Janeiro, algures em Cork Street, pensei de mim para comigo: Será que a emigração tem componente genética? Claro, nada do que levou à formulação deste pensamento começou com uma base científica mas mais como um estudo de caso familiar. Os meus avós maternos foram para a Venezuela para tentar arranjar patacas que ajudassem a criar os 5 filhos. Regressaram às origens. O Papi decidiu emancipar-se cedo (tipo, antes dos 18) e foi para o País Basco. Regressa às origens e muitos anos mais tarde torna-se camionista e salta pela Europa durante cerca de 10 anos. Entre tios directos, tios dos pais e primos (sim, que a família tem mais ramos e galhos que um velho carvalho), todos saltitam e saltitaram de nenúfar em nenúfar, de país em país, à procura de uma vida melhor... ou simplesmente diferente.
Então eu penso... Se calhar o mais natural é ser nómada, não ter terra fixa, ser levado pelo vento (ou por um avião).
Se bem me lembro das minhas aulas de história, os primeiros habitantes deste calhau nunca paravam muito tempo no mesmo sítio. Procuravam comida e abrigo, melhores condições de vida, portanto. Um dia, acharam que era melhor dedicar-se à agricultura e pastorícia: talvez as raízes não fossem má ideia e isso lhes proporcionasse maior estabilidade. Muitos séculos dramas e invençoes depois, aqui estamos nós, seguindo padrões de vida que achamos tão próprio e tão nossos mas que, na verdade, existem desde a altura em que alguém deve ter sentido "Eureka" quando inventou a roda.
Ah... enão esquecer os Descobrimentos e aquela vontade toda de conquistar. Cá para mim, em vez da vontade de evangelizar os infieis (um aparte... hoje tive testemunhas de Jeová a tocarem à campainha, mas acho que já não tenho salvação), eram movidos pela vontade de ver algo novo, por sentirem a mudança e enfrentarem o desconhecido. De uma maneira ou de outra, arranjamos maneira de canalizar e expressar a nossa necessidade de ser nómada, de nunca parar muito tempo no mesmo sítio.
O que me leva a pensar... Será que criar raízes é algo mau e contra natura ou será apenas mais um degrau no processo de repetição cíclica e histórica?
Agradecem-se pensamentos, sentimentos e insights no assunto. Até prova em contrário, eu sigo o meu código de barras genético.

2 comments:

Anonymous said...

Não concordo que a Emigração seja algo genético.Se veres bem, muitos agora deixam a Irlanda para ir para UK, Canadá ou Austrália não porque seus pais ou avós já tivessem emigrado antes, mas sim pela necessidade de fazer alguma coisa na vida com respectiva gratificação monetária suficiente para satisfazer as necessidades básicas.

Sardanisca said...

caro candre1974,
quando escrevo as minhas teorias do arco da velha, não significa que acredite na veracidade delas. Mas dá-me gozo escrever e juntar um humor muito próprio aos textos que discorro. Concordo que a emigração é mais um factor sócio económico do que genético. Mas doenças como a diabetes ou a hipertensão também o são. Além disso, os países a que se refere como destino migratório irlandês, são os mesmo desde há já 50 anos. Aliás, os Estados Unidos da América, por exemplo, foram construídos em muito pelo Irlandeses que fugiam à fome. O meu ponto é: se calhar é mais natural emigrar e mudar de sítio do que não o fazer.
Abraço,
Sardanisca