Sunday, July 26, 2009

Unhaca

A espécie Ungis mindinhus longae parece existir em terras lusas desde a pré-história. Consta-se que terá aparecido pela primeira vez na zona de Vila Nova de Foz Côa, numa altura em que o pêlo de cavalo não abundava e os galhos das árvores tinham sido afectados por uma epidemia atroz. Assim sendo, um Gajo das Cavernas iluminado decidiu utilizar a unha do dedo mindinho na decoração do seu habitáculo, gravando para sempre as suas aventuras de caçada nas rochas da região e marcando para sempre a cultura do que, muitos anos mais tarde, seria um país.
Ao longo dos séculos a "Unhaca" foi sendo utilizada para fins diversos desde a agricultura (na abertura de delicados regos para as sementeiras) à tortura (Unhaca cravada na pele é do caneco), mas o expoente máximo da Unhaca será nos campos da música e da higiene pessoal.
Desconhece-se ainda a altura específica em que aconteceu mas, reza a lenda da agora extinta UPU (União Portuguesa da Unhacofilia), terá sido numa fria tarde de Inverno em que um jovem tocador de guitarra da Universidade de Coimbra, com os dedos frios e gelados, as mãos sem luvas, decidiu utilizar a sua Unhaca para dedilhar a sua "dama" (a guitarra, claro). Ora, espantados pelo som esplêndido que dali surgiu, todos os guitarristas da sua geração e seguintes, deixaram crescer as garras e passaram a utilizá-las na composição de belas baladas. Ainda hoje quem não pode, por razões particulares, ter uma unhaca natural, pode adquirir uma postiça, de diferentes tamanhos, feitios ou cores, em qualquer loja de música.
De qualquer forma, o expoente máximo da Unhaca terá surgido pela altura de crise na maior fabrica de cotonetes do país, a Cotonetaria Nacional. Assim sendo, belos espécimens masculinos portugueses, deixaram crescer a unha do dedo mindinho e rapidamente a utilizaram para retirar cera do ouvido, pentear barba e/ou bigode, coçar onde mais tivessem comichão ou retirar restos de comida de entre os dentes.
Mas claro, como tudo na vida, a industrialização e invenção de novos produtos vieram baixar os números deste fenómeno: novos cotonetes, mais seguros e cómodos; fio dentário; mãozinhas de madeira para coçar; chaves de carro de formato mais aerodinâmico para a remoção do cerúmen.
E pronto... chegamos aos dias de hoje. Eu tenho fé, muita fé, no reaparecimento da Unhaca. À semelhança das unhas de gel, a unha comprida do dedo mindinho masculino voltará a viver em todo o seu esplêndor, quiçá embelezada por verniz de cores apetecíveis ou decorada com pequenos autocolantes de temas másculos (como carros, bolas de futebol ou gajas nuas). Talvez venha a salvar o nosso país da recessão e a cultura Europeia ficará muito mais rica. Cristiano Ronaldo, ajuda-nos!

4 comments:

Eu said...

Gostei das opções decorativas...:P

Primas said...

unhaca? nem pensar!

Primas said...

bahhh

Pedro Ribeiro said...

Tens talento... mt talento.. :D