Sunday, October 18, 2009

Cantar de Emigração

Há uma canção popular Portuguesa com este título. Na voz de Isabel Silvestre soa a rústico, provinciano e antigo... e talvez a canção mais acual para muitos jovens portugueses que nem sabem sequer que esta existe.
Ontem fui notícia de jornal... Bem, não literalmente, mas o meu testemunho estava lá, nas páginas 20 e 21 do semanário Expresso.
Sempre quis fazer algo de bom, de maior para alguém que eu mesma. Algo verdadeiramente altruísta sem ser demasiado majestoso... Achei que dar voz a um "Cantar de Emigração", principalmente no que toca à enfermagem, seria uma forma de o fazer.
Podiamos ouvir mil e uma estórias (e histórias) de jovens licenciados que acabam no desemprego ou, mais frequentemente, a trabalhar em condições precárias ou em áreas completamente diferentes daquelas para as quais queimaram pestanas (serviços como restauração ou comércio). Além do dinheiro que gastam em fotocópias, envelopes e selos para candidaturas espontâneas e respostas a concursos, têm de sobreviver à angústia de esperar por uma resposta, mesmo que negativa, o que por norma não acontece. O desrespeito é, pelos vistos, uma nova forma de combate à recessão e à crise económica.
Muitos deixam-se ficar e aceita trabalhar segundo os termos mais atrozes no que toca à dignidade de certas e determinadas profissões. E as entidades empregadores continuam intocáveis porque sabem como fugir à justiça... Muitas vozes se calam, outras são caladas, umas por medo outras por não encontrarem uma alternativa mais condigna. Há os que são corrompidos pelo sistema, os que se deixam corromper e os que deitam axas para a fogueira da cunha, do compadrio e do tacho.
Quero acreditar na justiça, no "mundo melhor", na força de carácter e na união do povo. Talvez me acusem de comunista ou socialista e não viraria a cara ao que à primeira vista poderia ser tomado como insulto.
A mudança começa em cada um de nós, nas nossas escolhas.
O meu manifesto: párem os queixumes e comece a acção. "Não, não vou por aí", diz José Régio no poema "Cantigo Negro". Ide por outro lado, ide para outro lado, mas não por aí.