Saturday, April 30, 2011

Música Maestro

Enquanto faço uma pausa da minha escrita construtiva para fins académicos (só para terem uma ideia, sinto-me culpada pelo genocídio de uma família de árvores, atendendo à quantidade de papel que me rodeia e na qual estou profundamente mergulhada), achei que era bonito falar acerca de um grande homem (1,72 m) que me inspira muitas vezes sem saber e do qual tenho muito orgulho. Para a maior parte das pessoas ele é "Carlos" ou "Pereira" ou a conjução de ambos os nomes. Eu prefiro chamar-lhe "Papi" ou "Papá".
Eu sei que amanhã é o dia da Mãe e não do Pai mas achei por bem inverter as coisas e sair do contexto habitual do calendário. Cliché? Talvez... mas isso serão sempre outros a julgar, para mim é apenas um momento oportuno para ser "filha do pai".
Há uns dias atrás, durante uma das nossas curtas e concisas conversas telefónicas, o meu pai pergunta-me "Então, já foste ao site?", "Que site?" perguntei eu, perfeitamente consciente que as aventuras do meu pai na internet são, por norma, sob a supervisão e tutela de uma mãe mais experiente nestas coisas da "internet". "O da paróquia! Fui entrevistado!". E pronto, foi o suficiente para uma reconciliação momentanea com as minhas raízes católicas e lá fui eu ler a entrevista.
Disse-lhe que o fiz, obviamente, e que achei "porreiro" e que ficou "bonito nas fotografias"... Mas talvez tenha omitido a parte mais importante. Não lhe falei do orgulho e admiração que tenho por ele e que alimento no segredo da minha reclusão Dublinense.
O meu pai é, em muita coisa, um self made man. De uma forma muito resumida, que 53 anos de história e estórias dão muito que falar... O Sr Carlos não recebe um ordenado chorudo mas é um trabalhador dedicado. Quando conta uma anedota rimo-nos mais com as suas gargalhadas do que com a piada em si. Tem um coração maior do que o mundo e há sempre espaço para ajudar mais alguém. E é Maestro... sem formação musical, com uma guitarra e um órgão em casa que acho que ainda não sabe tocar, mas muita, muita vontade de aprender. Agora lê pautas, e com os óculos na ponta do nariz, foi ensaia cânticos e dirige o coro há já 7 anos.
Moral da história: muitas vezes não nos tornamos naquilo que queriamos, mas o destino leva-nos a lugares onde não esperavamos estar; no fim acabamos por gostar, adaptamo-nos e ficamos como peixe na água.
Ao meu pai, Maestro de coros, de histórias e impulsionador da minha mudança ao acreditar num recorte de jornal numa manhã de Junho, obrigada.


Para os curiosos aqui fica o dito cujo "site":
http://www.paroquiadamaia.net/site/artigos/2011/0012/