Monday, January 17, 2011

TAESJ - De mais Ninguém Portugal no Coração

Oh boys... se vocês soubessem como a vossa música e boémia faz falta. Um dia, se vos vir a cantar em Grafton street, em vez de moedinhas serão notas de 50 euros. :)

Sunday, January 16, 2011

How it all started...

Há alturas em que pensamentos vindos de nenhures saltam à minha frente de surpresa e me dão que pensar durante trajectos (aulas-paragem do autocarro, trabalho-casa a pedais, jogging matinal ao som de Florence and The Machine). Como desconheço se sofrem ou não deste fenómeno, resta-me explicá-lo aos pouquinhos nas minhas teorias escaganifobéticas-do-arco-da-velha-de-que-nem-o-coelhinho-da-páscoa-se-lembra.
Entonces foi assim...
Uma bela tarde de Janeiro, algures em Cork Street, pensei de mim para comigo: Será que a emigração tem componente genética? Claro, nada do que levou à formulação deste pensamento começou com uma base científica mas mais como um estudo de caso familiar. Os meus avós maternos foram para a Venezuela para tentar arranjar patacas que ajudassem a criar os 5 filhos. Regressaram às origens. O Papi decidiu emancipar-se cedo (tipo, antes dos 18) e foi para o País Basco. Regressa às origens e muitos anos mais tarde torna-se camionista e salta pela Europa durante cerca de 10 anos. Entre tios directos, tios dos pais e primos (sim, que a família tem mais ramos e galhos que um velho carvalho), todos saltitam e saltitaram de nenúfar em nenúfar, de país em país, à procura de uma vida melhor... ou simplesmente diferente.
Então eu penso... Se calhar o mais natural é ser nómada, não ter terra fixa, ser levado pelo vento (ou por um avião).
Se bem me lembro das minhas aulas de história, os primeiros habitantes deste calhau nunca paravam muito tempo no mesmo sítio. Procuravam comida e abrigo, melhores condições de vida, portanto. Um dia, acharam que era melhor dedicar-se à agricultura e pastorícia: talvez as raízes não fossem má ideia e isso lhes proporcionasse maior estabilidade. Muitos séculos dramas e invençoes depois, aqui estamos nós, seguindo padrões de vida que achamos tão próprio e tão nossos mas que, na verdade, existem desde a altura em que alguém deve ter sentido "Eureka" quando inventou a roda.
Ah... enão esquecer os Descobrimentos e aquela vontade toda de conquistar. Cá para mim, em vez da vontade de evangelizar os infieis (um aparte... hoje tive testemunhas de Jeová a tocarem à campainha, mas acho que já não tenho salvação), eram movidos pela vontade de ver algo novo, por sentirem a mudança e enfrentarem o desconhecido. De uma maneira ou de outra, arranjamos maneira de canalizar e expressar a nossa necessidade de ser nómada, de nunca parar muito tempo no mesmo sítio.
O que me leva a pensar... Será que criar raízes é algo mau e contra natura ou será apenas mais um degrau no processo de repetição cíclica e histórica?
Agradecem-se pensamentos, sentimentos e insights no assunto. Até prova em contrário, eu sigo o meu código de barras genético.

Atchoo

Ai ai... Eu bem que queria que o título fosse alusivo a um dos 7 anões da Branca de Neve (a da Disney, não a farinha) porque seria sinal de mais uma das minhas fantásticas metaforas e analogias que não fazem qualquer sentido à maior parte dos comuns mortais. Mas não, é bem mais simples do que isso.
Ao contrário de um mito urbano no qual os profissionais de saúde não ficam doentes, aqui a "je" está rodeada de lenços de papel, alapada no sofá a ver séries televisivas de manta pelos joelhos e caneca de chá na mão (gengibre, limão e canela seria o ideal...). Ah, pois é, a enfermeira ficou doente. E agora, quem cuida de mim? Há uns anos atrás teria a Mrs RP a tratar-me da saúde: "Queres canjinha? Eu vou aquecer-te uma caneca de leite. Toma o Cêgripe." Mas a independência e a emigração não estou livres dos seus "senões" e alçapões de rede social: os amigos trabalham ao fim de semana ou foram para a casórios no Brasil. Assim sendo, resta-me continuar de molho ou no choco (como preferirem), a sobreviver com as minhas próprias mezinhas caseiras e com paracetamol 1g. Também já me disseram para comer alho... No entanto, a minha vontade de matar os seres vivos que me rodeiam num raio de 300m é pouca. Além disso, apesar de as minhas papilas gustativas e nódulos olfactivos não estarem no seu melhor, ainda funcionam.
De qualquer maneira, o tempo livre (usado na "cura" desta verdadeira bodega) vai servir para assentar a minha teoria de migração, genética e movimentos nómadas, que espero partilhar dentro de breves... herrrr... semanas, vá.
Até lá, que Deus me abafe (agasalhe vá), que São Brás me tire a tosse (o catarro e a rouquidão) e os Santinhos todos levem daqui o espirro.

Tuesday, January 4, 2011

Another version


Em conversa com um amigo há uns dias atrás, dei comigo, inevitavelmente, a pensar em todas as mudanças que 3 anos de emigração proporcionam. Há alturas em que tudo é amado e desejado: a instabilidade do clima Irlandês, os double deckers azuis e amarelos, a multiculturalidade da multidão, os cafés e meias de leite em copos de papel (soja como opção), os pubs com a sua madeira velha e coçada e inúmeros sinais e placas metálicas na parede, o frio cortante nos meses de Inverno que dá brilho à boémia citadina. Mas nem sempre vivemos em clima de lua de mel... às vezes é mesmo lua de fel. Olhamos ao espelho e notamos a palidez resultante da fraca exposição solar, sentimos falta de dar 60 cent que seja por um café decente, não ouvimos as gargalhadas que nos são familiares, todos são estranhos e o que outrora era a nossa rotina, passa a memória saudosista de algo que se perdeu na viagem.
Mas... lá está, a mudança é algo tao natural como o ar que entra em cada inspiração e nos abandona ao expirar.
Quem conhece a versão original desta música sabe que é completamente diferente... Esta versão é mais suave, intimista. E talvez seja possivel establecer o paralelo entre a música e... bem, a emigração. Quando tomamos a decisão consciente de sermos os mesmo noutro lado, não deixamos de ser quem somos, a essência é a mesma. Mas, naturalmente, adaptamo-nos e criamos uma versão diferente de nós mesmos, mantendo a identidade original.
A música Summertime, dos irmãos Gershwin, mantém o record de maior número de covers no mundo inteiro. Poderia ter ido por aí... mas acho que "in for the kill" descreve melhor o que é largar tudo e mergulhar de cabeça em água gelada.